Paulo Bedaque

“Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos”.

Albert Einstein (1879-1955)

Nossas vidas têm sido pautadas pela ciência e pela tecnologia e todo nosso panorama cultural foi e está sendo tremendamente afetado pelos avanços nestas áreas. Nesse processo, que não tem volta, há muito a ser comemorado e muito a lamentar. Se de um lado o progresso científico e tecnológico trouxe maior conforto no cotidiano das pessoas, uma verdadeira revolução nos transportes, controle de uma série de moléstias, conhecimento concreto sobre outros mundos, poderosas tecnologias de informação e comunicação etc., deixa também uma conta muito alta a ser paga principalmente pelas gerações futuras. A exploração não sustentável de recursos naturais e os demais danos ao ambiente, são parte do problema que estamos legando aos nossos filhos e netos. Mas vale lembrar que, no combate a essas e outras conseqüências indesejáveis, nossas melhores ferramentas são, nada mais, nada menos, que as causadoras do mal: a ciência e a tecnologia. São elas as únicas que podem buscar ajustes atrás de modelos que minimizem impactos negativos.

Além dos ganhos citados, nós professores, costumeiramente nos esquecemos de outro, de grande importância. Nos referimos ao modo científico de pensar. Saber pensar cientificamente interessa também ao cidadão e não somente ao cientista e ai reside uma das principais funções do ensino de ciências nas escolas de educação básica.

E como anda o ensino de ciências em nosso país? Como estão se saindo nossos estudantes nas avaliações, internas e externas, ligadas ao aprendizado de ciências? Infelizmente as informações não são muito animadoras e as conseqüências podem ser terríveis na formação desses jovens e para a sociedade como um todo. Afinal, posicionar-se sobre as grandes questões de nosso tempo exige que se saiba pensar cientificamente, que se tenha acesso às informações e que se saiba interferir no mundo de modo efetivo e solidário.

Educação como prática reflexiva

De modo geral, nós professores, pensamos muito pouco sobre a nossa atividade de educadores. Boa parte dos professores julga que para ser um bom profissional, basta ter bons conhecimentos do conteúdo de sua disciplina, o que não é verdade. Para formar um cidadão, o professor precisa de muitas outras competências que vão além do domínio do conteúdo. Infelizmente, discussões sobre educação não são bem-vindas por eles e acreditamos que sua ausência não os instrumentaliza a exercer sua atividade profissional. Sem conhecimentos básicos sobre conceitos de educação, teorias de aprendizagem, estilos de aprendizagem, fatores de aprendizagem, competências a serem desenvolvidas, reflexões sobre a realidade à sua volta etc. o professor não abandona o campo dos “achismos” o que impede que seu ofício caminhe no sentido da profissionalização. O educador suíço PERRENOUD (2002) alerta:

“Muitas vezes, o ofício de professor é descrito como uma semiprofissão, caracterizada por uma semi-autonomia e por uma semi-responsabilidade. Para evoluir na profissionalização de seu ofício,os professores teriam de assumir riscos e deixar de usar como proteção o “sistema”, os programas e os textos”.

Embora o texto acima tenha sido escrito segundo a experiência suíça, ele se adequa perfeitamente à realidade brasileira. Sem uma prática reflexiva, o professor se transforma em um mero repetidor de propostas pedagógicas que lhe são entregues prontas e de cuja elaboração e criação não participou. O professor não pode esperar que a proposta pedagógica da escola, feita na maioria das vezes sem sua participação, dê conta do planejamento. Ele precisa tomar a frente do processo educacional e caminhar no sentido de tornar-se um profissional, com autonomia para agir e correndo, evidentemente, os riscos necessários. Em especial, os professores de ciências, precisam refletir, e muito, sobre os impactos de suas ações pedagógicas na formação de indivíduos críticos, que saibam filtrar o que lêem e ouvem e não se submetam a um mundo dominado pelo bombardeio do consumismo desenfreado.

Afinal, educamos com que fim?

As reflexões sobre o por quê e para o quê educamos apontam para um objetivo mais abrangente do que a mera transmissão de conteúdos, apontam para a formação de cidadãos. Passa por esta formação o desenvolvimento de habilidades para o trabalho, mas não para ai; vai muito além, já que o mundo do conhecimento está diretamente relacionado com o “grau” de cidadania que os indivíduos podem alcançar. “De fato, nos tempos atuais, nenhuma caracterização das funções da educação parece mais adequada do que a associação da mesma à formação do cidadão, à construção da cidadania” (Machado – 2001).

A própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) prevê em seu artigo 2º:

Art. 2º – A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Se do ponto de vista legal, não temos dúvidas deste grande objetivo da educação, a prática das escolas deve também ter clara essa meta em seu currículo. Em especial, os professores de ciências, têm uma enorme contribuição a dar na formação de um cidadão. Afinal de contas, uma sociedade baseada na ciência e na tecnologia não pode formar pessoas à margem desses avanços e que não saibam pensar sobre essas perspectivas. A discussão dos grandes problemas da humanidade da atualidade passa pelo “pensar cientificamente” e o ensino de ciências deve trabalhar para diminuir a exclusão científica, ainda com enorme peso nos dias atuais.

Como temos nos saído?

Por maior que seja o empenho dos colegas professores e das escolas, os resultados obtidos por nossos alunos, na média, não são bons, seja em leitura, em matemática, ou em ciências. Tomemos, por exemplo, o SAEB e o PISA. O primeiro, desenvolvido e aplicado pelo INEP (MEC), é o Sistema de Avaliação da Educação Básica que é aplicado a cada dois anos para aproximadamente 300 000 alunos das séries terminais (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio), numa amostragem que abarca escolas públicas e particulares de todo o país. Leitura e Matemática são os objetos principais dessa avaliação que tem revelado um quadro longe de satisfatório, o que pode ser observado nas duas próximas tabelas.

Tabela 01. Percentual de alunos por resultado SAEB 2001/2003 – Leitura

 

4ª série EF (%)

8ª série EF (%)

3ª série EM (%)

 

2001

2003

2001

2003

2001

2003

Muito crítico

22,2

18,7

4,9

4,8

4,9

3,9

Crítico

36,8

36,7

20,1

22,0

37,2

34,7

Intermediário

36,2

39,7

64,8

63,8

52,5

55,2

Adequado

4,9

4,8

10,3

9,3

5,3

6,2

Fonte: http://www.inep.gov.br/basica/saeb/

Quando o assunto é leitura, há uma grande porcentagem de alunos com resultado muito crítico, em especial na quarta série. Na oitava série, cerca de 5% dos alunos avaliados está em situação muito crítica, sem competências mínimas de leitura, com conseqüências desastrosas para sua formação. Uma porcentagem acima de 20% (um quinto dos alunos) mostrou estar no estado crítico, ocupando, segundo a conceituação do próprio INEP, a posição de pré-leitores, sem as habilidades necessárias para uma seqüência saudável nos estudos, incapazes de formar pontes entre idéias, compreendendo apenas textos informativos e narrativos simples. O grosso dos alunos da oitava série, cerca de 64%, alcançou o nível intermediário, mostrando que terão menos problemas na continuidade dos estudos. O grupo de alunos que alcançou o “adequado” fica ao redor de 10%. Apenas este último contingente está, segundo o INEP, plenamente apto a seguir os estudos e as conseqüências para o aprendizado de ciências são diretas.

Tabela 02. Percentual de alunos por resultado SAEB 2001-2003 – Matemática

 

4ª série EF (%)

8ª série EF (%)

3ª série EM (%)

 

2001

2003

2001

2003

2001

2003

Muito crítico

12,5

11,5

6,7

7,3

4,8

6,5

Crítico

39,8

40,1

51,7

49,8

62,6

62,3

Intermediário

40,9

41,9

38,8

39,7

26,6

24,3

Adequado

6,8

6,4

2,8

3,3

6,0

6,9

Fonte: http://www.inep.gov.br/basica/saeb/

Em matemática, os resultados são ainda mais preocupantes. Na oitava série, cerca de 7% dos estudantes está na faixa do “muito crítico”, não conseguindo responder a comandos operacionais elementares e tendo dificuldades em entender figuras geométricas simples. Cerca de 50% dos alunos brasileiros desta série está em estado “crítico”, com habilidades e conhecimentos muito aquém do mínimo necessário para seguir os estudos, com reflexos imediatos nos estudos das ciências. Uma quantidade inferior a 40% se mostrou no estado intermediário, apresentando as habilidades mínimas necessárias para seguir a frente, restando apenas 3% dos estudantes no nível considerado “adequado”.

Estudantes brasileiros têm participado do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) por duas vezes (2000 e 2003). Coordenado no país pelo INEP, é patrocinado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade da qual o Brasil não faz parte, mas marcou presença como convidado. Trata-se de exame da mais alta importância por servir de diagnóstico à qualidade da educação nas áreas de matemática, leitura e ciências, cujos resultados podem gerar ações em vários níveis.

O PISA 2000 teve ênfase em competências ligadas à leitura, deixando a avaliação de ciências e matemática em segundo plano, mas a performance em leitura se reflete na performance de todas as disciplinas. Em especial, a falta de habilidades de leitura traz sérios prejuízos ao aprendizado de ciências que deve contar como necessário pré-requisito à capacidade de “ler o mundo” como início de um processo que se seguirá com o entendimento dos fenômenos naturais e a aplicação desses conhecimentos. Observem os resultados na tabela a seguir.

Tabela 03 – Resultado Geral – PISA 2000

 

País

Média

 

País

Média

1

Finlândia

546

17

Dinamarca

497

2

Canadá

534

18

Suíça

494

3

Holanda

532

19

Espanha

493

4

Nova Zelândia

529

20

Rep. Tcheca

492

5

Austrália

528

21

Itália

487

6

Irlanda

527

22

Alemanha

484

7

Coréia do Sul

525

23

Liechtenstein

483

8

Reino Unido

523

24

Hungria

480

9

Japão

522

25

Polônia

479

10

Suécia

516

26

Grécia

474

11

Áustria

507

27

Portugal

470

12

Bélgica

507

28

Rússia

462

13

Islândia

507

29

Letônia

458

14

Noruega

505

30

Luxemburgo

441

15

França

505

31

México

422

16

Estados Unidos

504

32

Brasil

396

Fonte: http://www.pisa.oecd.org/

A tabela aponta o Brasil como o último colocado em uma prova com ênfase em leitura, mas abordando também, como já foi dito, ciências e matemática. Ficamos atrás de países como México, Rússia, Grécia, Hungria e Letônia.

Como já dissemos, o aprendizado de ciências é fortemente influenciado pelas competências de leitura. Assim, uma má performance nesta área trará sem dúvidas conseqüências indesejáveis no avanço desses estudos. Qualquer solução que se encaminhe aos problemas encontrados no aprendizado de ciências, passa por encontrar uma solução paralela às deficiências de leitura.

O PISA 2003 teve ênfase em matemáticas e os resultados podem ser apreciados nas próximas quatro tabelas. Igualmente, os estudantes brasileiros não se saíram bem. Em ciências, foco principal deste artigo, ficamos à frente apenas dos alunos da Tunísia. O resultado obtido em “Solução de Problemas”, mostra uma baixa performance neste item, como efeito de um aprendizado deficiente, o que não garante o caminho rumo à formação da cidadania. Qualquer que seja a área avaliada, saber solucionar problemas comparece com uma importância muito grande. Assim, qualquer proposta de ensino, deve considerar fortemente esta questão.

Tabela 04 – Matemática – PISA 2003

PISA 2003 – Resultado em Matemática (matéria principal)

 

País

Média

 

País

Média

1

Hong Kong*

550

21

Eslováquia

498

2

Finlândia

544

22

Noruega

495

3

Coréia

542

23

Luxemburgo

493

4

Holanda

538

24

Polônia

490

5

Liechtenstein*

536

25

Hungria

490

6

Japão

534

26

Espanha

485

7

Canadá

532

27

Letônia*

483

8

Bélgica

529

28

Estados Unidos

483

9

Macau*

527

29

Rússia*

468

10

Suíça

527

30

Portugal

466

11

Austrália

524

31

Itália

466

12

Nova Zelândia

523

32

Grécia

445

13

República Tcheca

516

33

Sérvia*

437

14

Islândia

515

34

Turquia

423

15

Dinamarca

514

35

Uruguai*

422

16

França

511

36

Tailândia*

417

17

Suécia

509

37

México

385

18

Áustria

506

38

Indonésia*

360

19

Alemanha

503

39

Tunísia*

359

20

Irlanda

503

40

Brasil*

356

Média OCDE – 500

Os países com asterisco não são membros da OCDE

Fonte: http://www.ince.mec.es/pub/pisa2003resumenespana.pdf

Tabela 05 – Leitura – PISA 2003

PISA 2003 – Resultado em Leitura

 

País

Média

 

País

Média

1

Finlândia

543

21

Alemanha

491

2

Coréia

534

22

Áustria

491

3

Canadá

528

23

Letônia*

491

4

Austrália

525

24

República Tcheca

489

5

Liechtenstein*

525

25

Hungria

482

6

Nova Zelândia

522

26

Espanha

481

7

Irlanda

515

27

Luxemburgo

479

8

Suécia

514

28

Portugal

478

9

Holanda

513

29

Itália

476

10

Hong Kong*

510

30

Grécia

472

11

Bélgica

507

31

Eslováquia

469

12

Noruega

500

32

Rússia*

442

13

Suíça

499

33

Turquia

441

14

Japão

498

34

Uruguai*

434

15

Macau*

498

35

Tailândia*

420

16

Polônia

497

36

Sérvia*

412

17

França

496

37

Brasil*

403

18

Estados Unidos

495

38

México

400

19

Dinamarca

492

39

Indonésia*

382

20

Islândia

492

40

Tunísia*

375

Média OCDE – 494

Fonte: http://www.ince.mec.es/pub/pisa2003resumenespana.pdf

Tabela 06 – Ciências – PISA 2003

PISA 2003 – Resultado em Ciências

 

País

Média

 

País

Média

1

Finlândia

548

21

Islândia

495

2

Japão

548

22

Estados Unidos

491

3

Hong-Kong*

539

23

Áustria

491

4

Coréia

538

24

Rússia*

489

5

Liechtenstein*

525

25

Letônia*

489

6

Austrália

525

26

Espanha

487

7

Macau*

525

27

Itália

486

8

Holanda

524

28

Noruega

484

9

República Tcheca

523

29

Luxemburgo

483

10

Nova Zelândia

521

30

Grécia

481

11

Canadá

519

31

Dinamarca

475

12

Suíça

513

32

Portugal

468

13

França

511

33

Uruguai*

438

14

Bélgica

509

34

Sérvia*

436

15

Suécia

506

35

Turquia

434

16

Irlanda

505

36

Tailândia*

429

17

Hungria

503

37

México

405

18

Alemanha

502

38

Indonésia*

395

19

Polônia

498

39

Brasil*

390

20

Eslováquia

495

40

Tunísia*

385

Média OCDE – 500

Fonte: http://www.ince.mec.es/pub/pisa2003resumenespana.pdf

Tabela 07 – Solução de Problemas – PISA 2003

PISA 2003 – Resultado em Solução de Problemas

 

País

Média

 

País

Média

1

Coréia

550

21

Irlanda

498

2

Hong Kong-China*

548

22

Luxemburgo

494

3

Finlândia

548

23

Eslováquia

492

4

Japão

547

24

Noruega

490

5

Nova Zelândia

533

25

Polônia

487

6

Macau*

532

26

Letônia*

483

7

Austrália

530

27

Espanha

482

8

Liechtenstein*

529

28

Rússia*

479

9

Canadá

529

29

Estados Unidos

477

10

Bélgica

525

30

Portugal

470

11

Suíça

521

31

Itália

470

12

Holanda

520

32

Grécia

449

13

França

519

33

Tailândia*

425

14

Dinamarca

517

34

Sérvia*

420

15

República Tcheca

516

35

Uruguai*

411

16

Alemanha

513

36

Turquia

408

17

Suécia

509

37

México

384

18

Áustria

506

38

Brasil*

371

19

Islândia

505

39

Indonésia*

361

20

Hungria

501

40

Tunísia*

345

Média OCDE – 500

Fonte: http://www.ince.mec.es/pub/pisa2003resumenespana.pdf

Provas internacionais como o PISA, recebem um tratamento estatístico depurado e apresentam resultados bastante confiáveis. A performance alcançada pelos estudantes brasileiros no PISA 2000 e PISA 2003 evidenciam uma baixa competência nas áreas de matemática, leitura, ciências e solução de problemas. Fica a ressalva de que a quantidade de países participantes ainda é pequena e aguardamos uma melhor comparação da performance dos estudantes brasileiros com seus colegas latino-americanos (países com problemas sociais semelhantes ao Brasil). É preciso urgentemente reverter este quadro, principalmente por que as ações em educação têm uma inércia própria que não permitem resultados em curto prazo. Em 2006, a ênfase do PISA será em ciências. Aguardemos os resultados, mas, sem pretender ser pessimista, o quadro não deve ter grandes alterações.

O ensino de ciências exorcizando os demônios

A inclusão no mundo atual exige que se saiba pensar cientificamente, o que implica adquirir esta habilidade ao longo de todo o nosso aprendizado. Em especial, não se pode aceitar hoje em dia que um estudante deixe a escola sem ter aprendido a pensar o mundo sob a perspectiva da ciência, sem o letramento que o capacite a tomar decisões lógicas e baseadas em verdades científicas.

Do mesmo modo que hoje em dia se fala em excluídos digitais, apontando aqueles que não tem acesso às modernas tecnologias de informação e comunicação (TIC), podemos falar também em “excluídos científicos”. Saber pensar cientificamente interessa ao cidadão comum e não somente ao cientista, tal a invasão da ciência e da tecnologia em nossas vidas. Diríamos que até para votar bem devemos pensar cientificamente. Nossa relação com o mundo natural, no nível de exploração atual, exige que saibamos nos posicionar constantemente sobre as atitudes a serem adotadas. O analfabetismo científico fatalmente carrega o indivíduo para a marginalidade das discussões fundamentais de nosso tempo.

O espaço deixado pelo analfabetismo científico pode ser rapidamente ocupado pelas pseudociências que trazem o “mel” da ciência, mas não se submetem ao método científico, mas ainda assim carregam milhares de pessoas que não entenderam a importância da evidência na aceitação dos fatos. A esse respeito, nos diz SAGAN (1996):

“A ciência desperta um sentimento sublime de admiração. Mas a pseudociência também produz este efeito. As divulgações escassas e malfeitas da ciência abandonam nichos ecológicos que a pseudociência preenche com rapidez. Se houvesse ampla compreensão de que os dados do conhecimento requerem evidência adequada antes de poder ser aceitos, não haveria espaço para a pseudociência. Mas na cultura popular prevalece uma espécie de lei de Gresham, segundo a qual a ciência ruim expulsa a boa.”

Em vista de tudo o que dissemos, acreditamos que fica patente a importância do ensino de ciências e de todas as suas implicações. Cabe à escola e aos seus professores de ciências o entendimento da real dimensão desse trabalho. Afinal, cabe aos educadores o importante papel de exorcizar os demônios da Idade Média que insistem em viver em pleno século XXI.

Referências bibliográficas e sugestões de leitura

BEDAQUE, Paulo – Formação continuada à distância para professores de Ciências do Ensino Fundamental II do Brasil – dissertação de mestrado – UNED – Madrid – Espanha.

MACHADO, Nilson José – Cidadania e Educação – Ed. Escrituras – S. Paulo.

OCDE – Conhecimentos e atitudes para a vida – Resultados do Pisa 2000 – Ed. Moderna – 2003 – São Paulo – Brasil.

Perrenoud, Philippe – A Prática Reflexiva no Ofício de Professor – Ed. Artmed – 2002 – Porto Alegre – Brasil.

SAGAN, Carl – O mundo assombrado pelos demônios – A ciência vista como uma vela no escuro – Cia das Letras – 1996 – SP.

SAGAN, Carl – O Romance da Ciência – Ed. Francisco Alves – RJ.

SILVA, César; SASSON, Sezar; BEDAQUE, Paulo – Ciências, Entendendo a Natureza – manual do professor – 2005 – Ed. Saraiva – SP.

SINISCALCO, Maria Teresa – Perfil estatístico da profissão docente – 2003 – Ed. Moderna – São Paulo – Brasil.

UNESCO – Educação para todos, o mundo está no caminho certo? – Relatório de Monitoramento Global 2002 – 2003 – Ed. Moderna – São Paulo – Brasil.

 


(*) Artigo publicado originalmente na revista IDÉIA – SM Edições – ano IV – vol 5.