O primeiro conto de Jorge Luis Borges que li foi “O Aleph”, seguindo indicação citada no livro “O Despertar dos Mágicos”. Fiquei fascinado com sua capacidade de imaginar situações e de inventar histórias. Além de ter grande habilidade como escritor, Borges alcançou uma alta erudição, sendo considerado um dos grandes intelectuais de seu tempo. O Aleph (primeira letra do alfabeto hebraico e que lembra um homem com pernas e braços afastados em formato de uma estrela), na história de Borges, é um ponto do espaço em que todas as coisas do universo podem ser vistas sob todos os ângulos e em todos os tempos e que é encontrado pelo personagem (primeira pessoa) do conto. A partir deste conto, devorei todo o livro, onde um conto era mais fantástico que o outro. Parti depois para o livro “Ficções”. Na seqüência li sua pequena e suficiente autobiografia, o “Elogio da Sombra” além do livro de poemas “Perfis”. Mais tarde, o “Livro de Areia”, “História da Eternidade”…

Aqui você poderá encontrar “A Biblioteca de Babel“, conto do livro “Ficções”. Se preferir, encontrará também o mesmo conto, traduzido para o inglês em “The Library of Babel“. A biblioteca, local onde Borges passou boa parte de sua vida, é para ele o universo e portanto infinita.

Na biblioteca de Babel, descrita em seu conto, estão presentes todos os livros escritos e que poderão ser escritos um dia, já que os livros, são apenas combinações possíveis dos caracteres de uma língua.

O conto “Funes, o memorioso“, também do livro “Ficções” é outro disponibilizado neste site. Disponível está também o conto “A Casa de Astérion“, do livro “Aleph”, onde a dignidade de um monstro ganha características humanas. É fantástico, como todas as produções de Borges. Num exercício borgeano, escrevi um conto em espanhol chamado “El pozo de plata” que pode ser lido nesta página.

Borges foi também um admirador da literatura portuguesa e chegou a escrever um poema dedicado a Camões, que pode ser lido a seguir.

A Luís de Camões

Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,

Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.

Jorge Luis Borges, O Fazedor. Lisboa, Difel, 1985

Um texto bastante divulgado, chamado “Instantes” (”Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima…) cuja autoria é comumente atribuída a Borges e rola pela Internet, é na verdade de autoria da americana Nadine Stair, já falecida e de quem pouco se conhece. Quem nos alerta é o professor argentino Cláudio César Montoto, da PUC-SP e que é um grande especialista da obra borgeana e sua tese de doutorado foi sobre o grande escritor. Curioso como se propagou a autoria errada deste texto. Eu mesmo, por um bom tempo, acreditei que o texto era de Borges.

Ano após ano, seu nome era lembrado para o Prêmio Nobel de Literatura, prêmio que nunca chegou a ganhar. Lembro-me da manchete do jornal “Folha de S. Paulo” no dia seguinte à sua morte: “Borges morreu sem ganhar o Nobel. Pior para o Nobel”.