Nossas é um livro de poesias escrevi há tempos. Para que não ficassem na gaveta, resolvi publicá-los neste espaço. Em especial, gosto dos poemas “O canto da sereia azul” (que aproveita elementos de “o corvo” de Edgar Allan Poe – versão de Fernando Pessoa), da “Lírica Camoniana” (que como o nome sugere, tem elementos do estilo de Camões) e de “Dorme enquanto eu velo” (com elementos próprios).

10 de junho em Constância (2006)

Gentis terras de Constância,
de macias pegadas do Poeta,
brotam poesias de seu solo,
tais sementes lhe lançaram.

Delicado ouvido do Zêzere,
não em vão lhe soaram
as antigas e líricas lições,
de pés gigantes que por aqui passaram.

Das claras águas que fecundam o Tejo,
deleite e frescor da boa gente,
espalha-se o vapor da arte
que invade o parque e toda mente.

Nas orillas do Tejo,
ainda virgem de Constância,
há nas pedras o testemunho,
de amores e poemas ancestrais.

Ao longe, as ovelhas no pasto.
Na praça, toda a gente em festa.
Uma imperial? Caldo Verde? Migas?
Tudo aqui é sonhos e poesias.

Madrid (2006)

Quero passear com você,
minha companheira invisível de tristes olhos,
neste final de tarde de céu azul.

De mãos dadas, lhe mostrarei
as rosas coloridas de um jardim proibido
na Calle de Alcalá.
Mostrarei a você, formosa criatura,
os belos monumentos que há ali.

Diante de seu olhar ausente,
atravessarei a rua para lhe comprar
aquelas florezinhas do campo,
atadas com um raminho verde.

E de mãos dadas, vamos subir a rua,
mirando o horizonte inexistente.

Velhice

Saio lá fora e sinto na face a brisa fria.
O vento gelado, (onde antes se escondia?)
Corta meu velho rosto pelo tempo marcado
Por quem (nunca entendi!) não fui perdoado.

Saio lá fora e o frio castiga meu rosto
Vermelho, queimado, (já fui moço?).
Não me lembro de meu tempo de infância
Em que (acredito) como toda criança,
Brincava ao sol e ao vento quando cria
Na eternidade que prolongaria para sempre o dia
E que a vida não era jamais finda
Como a luz do Sol que sempre vinha
Mesmo que morresse por alguns instantes
Mas que retornava mais forte ainda do que antes.

Hoje saio lá fora e, gélido, o vento
Que antes me acolhia, agora reclama o tempo.
(O passo lento e impreciso
É menos do que quero e preciso.)
Saio lá fora e me vejo por dentro.
Um dia, ocupei do universo o centro.
Hoje, o que me espera é a noite fria.
Anoitece mais cedo e me esqueço a cada dia.

Saudade

Se temos saudade do que nunca existiu,
Que dirá do amor que sempre floriu?

Se temos saudade do que faltou
Que dirá aquele que sempre amou?

Se temos saudade do que não nasceu,
Que dirá do amor que nunca morreu?

Se temos saudade do amor que nunca veio,

Que dirá de amor um peito cheio?

O Canto da Sereia Azul

Sentado à beira mar, do alto do mais belo penhasco que há na Terra,
Enquanto vivo lembranças de eras distantes que não voltarão jamais,
Ouço o canto da sereia trazido pela onda azul do mar.
Sob o encantamento inevitável, ébrio do canto
Deslizo docemente sobre as camadas de ar
E lenta, magicamente pouso sereno na areia quente.
Desço o penhasco portanto; troco-o pela areia do mar.
Com o rosto ferido pela areia cruel,
Ainda sofrendo as lembranças daquela que se foi para sempre,
Meu ser frágil e cansado repentinamente mergulha
Numa onda doce, pura, de felicidade infinita.
E voando, vai pra longe a saudade que sinto dela.
O canto da sereia azul arranca de mim a última gota de sofrimento,
Das lembranças daquela que vive hoje entre as hostes celestiais.
Mas vejam! O que é esse brilho intenso que emana do tridente do pai?
Que luz é essa que fere tão profundamente os céus azuis?
É um relâmpago que corta o céu e interrompe o canto da sereia azul.
Cessa o canto, evapora-se o bem virtual e vem a dor real.
Meu mundo de sofrimento reconstrói-se.
Minha alma volta e chora de saudades daquela que não virá jamais.
Marinheiros de todas as eras: cuidai-vos.
O sofrimento extinto pelo canto da sereia,
Abre o vazio para o sofrimento maior que virá depois.
Pobre de nós e de todos aqueles que fincam suas estacas
Nos sons vazios da sereia azul da cor do mar!

Lírica Camoniana

Coração meu gentil que te partiste,
De uma alma já tão despedaçada
Por aquelas lembranças da mui amada,
Torna ainda pior o que já era triste.

Solto no abismo da cruel amargura,
Tento esquecer o fel do sofrimento.
Mas ainda tonto de tal brandura,
Sofro, amargo meu destino, mas tento.

E os dias que levo na triste sina,
A mim ensinam o bem de amar.
Mesmo quando não se dobra a esquina,
Por que o bem maior está em gostar.

A Terra que esperei além do mar,
Não veio por total desventura.
Náufrago, não me foi dado o altar,
Mais ainda tenho o amor que eterno dura.

Em algum lugar do passado

Já te encontrei em outras vidas.
Já passeamos juntos pelos bosques.
Conversamos muito sobre nós, sobre a vida, sobre o universo.
Já te encontrei outras vezes.
Gostávamos de conversar sobre nós
e nos conhecemos como ninguém jamais sonhou.
Já te encontrei várias vezes.
Lembro-me bem.
Andávamos de mãos dadas falando de nós e de como é bom viver.
Te encontro muito ainda hoje.
Acordo e olho no espelho.
Vejo o seu rosto que sorri e diz:
“Tenha um bom dia, amigo.”

Dei um beijo nela

O beijo é a porta do desejo.
Que estranha alquimia sacode nossas almas quando nossos lábios se tocam?
Que estranhos e desconhecidos caminhos seguem nossas moléculas e nossos impulsos
elétricos que nos arrepia a pele e aumenta em nós a vontade de viver?
De que inexploradas estrelas sai aquele brilho que nos ofusca e nos maravilha?
Por que cavernas do subconsciente correm os rios que nos levam para lugares
nunca sonhados antes de um beijo?

Hoje dei um beijo nela.
Minha alma torceu-se num espasmo de prazer.
Fechei os olhos e vi o universo todo diante de mim.
Nunca mais serei o mesmo.
Um outro ser nasceu dentro de mim.
Qual neófito iniciado, atravessei a porta do mistério mais profundo.
E será sempre pior o que passou.
E será sempre melhor o que vier.
É esse o segredo da felicidade.

Você é toda azul

Quanto estou longe de você, o azul do céu não é tão azul.
Quanto não estou ao seu lado, o azul do mar não é igualmente azul.
Quanto você está distante, minha alma não é azul
E uma atmosfera cinza toma conta de mim.

De onde emana esse seu poder de absorver todo o azul do mundo?
Que poder telúrico é esse seu que altera a cor de minha alma?

Sentado à varanda, observo a aurora do dia e da minha vida.
Um cinza escuro e triste invade a minha alma.
Sinto então a enorme, a insuportável saudade de você
E uma onda muito muito fria percorre todo o meu ser.
Gelado ainda da fria solidão, entro e me deito.
Deito cansado, vejo você brilhar em meus sonhos
E de tão boa você me abraça, me beija, me acaricia e …
… O universo se reconstrói diante de nós
Despejando todo o azul do mundo sobre nossas almas cansadas.

Poço profundo

Meu coração é um poço profundo;
Ele nunca se enche de amor.
Meu coração é um mendigo das ruas;
Que não se cansa de pedir e nunca ter o que pede.
Meu coração é um lobo solitário das estepes;
Uiva para a lua cheia descarregando saudades de dias que nunca houveram.
Meu coração? É um infeliz sempre à janela, esperando eternamente por ela.
Pobre coração criador de ilusões!
Meu coração é uma criança sempre a brincar na areia.
Meu coração é um bebê sempre a chorar pela mãe.
Meu coração é um bêbado insaciado sempre a vomitar pela rua.
O que restará dessa ansiedade, pobre coitado?
Que direi de você quando acordar desse sonho de busca, meu coração?
Meu coração é tudo que tenho.
Meu coração é minha vida, sou eu próprio.
Pobre coração, pobre de mim.

Onde?

Onde estão nossos beijos?
Onde se escondem nossos abraços?
Em que momento de nossas vidas eles se foram?
Em que ponto do espaço adormecem?

A cor da minha alma

Minha alma tem uma cor que reflete a alma dela.
É azul da cor do céu, daquele céu salpicado de estrelas brilhantes,
Azul que nos faz sonhar com mundos distantes,
Azul que a todo o instante nos lembra nossa pequenez, insuportável mas real.
Daquele azul que nos dissolve na imensidão do espaço.
Mas as vezes minha alma é azul da cor do mar.
Onde nasce a vida e cresce a esperança.
Daquele azul que nos transporta para terras desconhecidas
Do outro lado do horizonte,
Aquele azul que guia os navegadores de todos os tempos.
Outras vezes minha alma é azul como o ar que respiramos.
Sinto então a vida entrando em mim e renovo meu elo com o universo.
Mas quando estou junto dela minha alma é mais azul.
O azul do céu, mistura-se ao azul do mar e ao azul do ar.
Então quero chorar junto a ela,
Sentindo toda a emoção que há na Terra.
Quero abrir meu peito e deixar luzir todo o azul que mora em mim.
Sempre que estou ao lado dela, uma onda azul, muito azul, invade minha alma
E, como num ciclone muito forte, me leva flutuando a mundos azuis jamais vistos.
Quando estou cansado e triste,
E minha mente viaja pelos caminhos azuis do céu,
Qual cometa solitário e errante, lembro dela.
Então um abraço azul salva meus pensamentos,
Arranca-os do abismo iminente, retorno à vida.

Dorme enquanto eu velo

Dorme querida, dorme enquanto eu velo.
Quando você acordar, o sol estará pronto e esperando por você.
Não dormirei enquanto não preparar a relva para receber seus passos
E as ondas do mar para embalar seus sonhos.
Dorme amor, deixe que eu velo.
Enquanto dorme, vou abrir os botões de todas as flores que há no mundo.
E quando você acordar tudo parecerá mais belo.
Dorme meu bem, dorme enquanto eu velo.
Enquanto descansa em seus sonhos de princesa,
Vou reconstruir nossas almas,
Vou repensar nossos caminhos e quando você acordar
Receberei mais que mereço, seu sorriso como prêmio.
Dorme minha flor, deixe que eu velo.
Enquanto dorme, desperta a criança azul
Que habita seu ser mais profundo,
Descanse na imensidão dos mundos perdidos.
Deixe que eu cuido das cachoeiras, das nuvens,
Do luar, do Sol, das crianças e de nossas vidas.
Sonhe com todos os versos que ainda não foram escritos só por que os poetas todos não te conhecem ainda.
Não, não, não acorde agora.
Durma que eu velo.
Tenho o cansaço de toda uma vida, mas não acorde agora.
Deixe, minha flor, que eu reconstruo o universo por nós.

(10/4/97)

Quando a palavra não é suficiente,
O silêncio diz melhor aquilo que a gente sente.

Insônia

São duas e meia da manhã de um sábado e não consigo dormir.
Não posso inventar um sono que não tenho. Não tenho esse poder.
Que fantasma é esse que me rouba a noite e mata minha manhã?
Que lembranças arrancaram-me de Orfeu
E levaram a escuridão tão desejada, tão necessária?
Só o que me salva nesse momento é a doce lembrança dela.
E essa lembrança sustenta minha insônia.
Troco a bandeira, abandono a batalha,
Dormir nunca mais,
Só em pensar nela sou capaz.
E agora gosto da idéia de sonhar acordado.
Minha mente enche-se de uma alegria maior.
É isso. O destino, meu amigo fiel, quis que eu sonhasse melhor, à janela.
Impôs, meu amigo, que eu me deliciasse com a doce imagem dela,
Não em sonhos que trazem imagens irreais,
Mas acordado, como alguém sonhou jamais.
Livrou-me dos dragões o destino,
Trocou-os por lembranças de amor sem tino.

Bendito seja o deus dos que não dormem,
(Há de ter algum) que me presenteia como só a um homem,
Bendita seja ela, os doces cabelos dela,
(São lindos e perfumados) vejo-a agora sob a luz da arandela.
Benditas sejam as noites em claro,
Por que, tendo o silêncio como aliado,
No escuro enxergo como um danado,
E gosto mais ainda dela,
E me sinto mais perto dela,
E aquela onda azul invade novamente minha alma,
Preenchendo de uma vez minha noite alva.

Quando eu morrer

Quando eu morrer, querida, quero que me esqueça logo.
Não alimente uma presença agora impossível.
Lembre-se que fui muito feliz enquanto vivi
E que tive mais sorte do que almejava.
Quando eu morrer, minha flor do campo,
Procure logo por outros amigos.
Não regue um canteiro onde não há mais flores,
Não alimente um túmulo de amores.
Se eu morrer cedo, meu doce,
Não quero que tenha saudades de mim.
Não queime lenha com quem não sente mais frio;
Pois eu estarei acima de todas as sensações.
Mas eu queria, minha flor, queria muito
Poder acreditar que quando eu morrer
Eu ainda poderia olhar por você,
Defender você do frio e do vento,
Lhe ajudar a arar os campos como sempre fiz,
Poder passar a mão em seus cabelos perfumados,
Sentar à varanda e falar de muitas coisas,
Tomar com você aquele vinho e depois
Deitar no chão e lhe amar mais uma vez.
Eu queria, minha flor do campo,
Eu queria.

Alo Daisy

Oi Daisy, por que não liga pra mim?
Eu achei que merecia esse carinho Daisy.
Não é uma cobrança Daisy, mas achei que eu merecia.
Daisy, você liga pra tanta gente, por que não liga pra mim?
Eu cansei de esperar Daisy e não te perdôo por isso.
Por que não me liga Daisy?
Teve um tempo que eu achei que você gostava de mim Daisy,
Mas não, senão você me ligava Daisy.
Estou muito triste Daisy, muito triste.
Não sei o que fazer neste domingo ingrato Daisy.
Esperava tanto por você, Daisy e agora, o que eu faço?
Tá bom, Daisy, tá bom, eu já entendi.

Quando você precisar

Quando você precisar, minha flor
Use meu colo para chorar.
Não seja dura, deixe o orgulho de lado.
Ninguém lhe entende como eu.
Quando você quiser, minha querida
Use meu ombro para seus lamentos.
Nada no mundo é mais precioso para mim
Do que lhe ver feliz, com um sorriso de criança nos lábios.
Quando você estiver triste, meu amor
Lembre-se desse seu amigo.
Quero ser a lenha que aquece seu coração
E o sopro de vida em seus dias de princesa.
Quando você precisar, florzinha
Use meus dias como se fossem seus,
Aproveite meus olhos como se fossem seus guias
E minha alma como reserva de seus dias.
E quando chegasse a aurora
Eu queria ser a luz do sol para prolongar seu dia,
E o vento a roçar no seu rosto e embaralhar seus cabelos,
E as folhas a caírem eternamente enquanto você
Olha para elas e sonha com as estrelas distantes.

Quando eu chegar

Quando eu chegar e lhe encontrar minha flor,
Cansado de toda uma eternidade longe de você
E esmagado pelo tempo, pelas lembranças doces,
Me receba com um beijo terno, demorado.
Espalhe meus cabelos e ria de tudo o que eu dizer.
Minha alma vai encher-se de amor por você, minha flor.
Mais uma vez vai renovar-se meu desejo de viver e de lhe amar.
E assim, reabastecido do desejo, refeito para a vida,
Terei forças pra continuar amargando momentos distantes de você.
Mas se não for possível me ver, minha querida,
Se o destino assim não o permitir,
Buscarei nos lugares mais profundos de minha alma,
Forças para esperar por você mais uma vez.
E vou sonhar com o instante de lhe encontrar
E poder sentir mais uma vez seus doces lábios vermelhos nos meus,
Entregando a você a porta de minhas palavras,
Os guardiões de minha alma, como se fossem escravos seus.

In the Night

I had forgotten how wonderful the night is.
I was in a very deep sleep and, in a magic day,
(I don’t remember why), I woke up and slowly, turned to the other side,
I Stretched my arms, sighed for her,
I Opened my eyes, looked around and
I Felt once more the existence of the world.
So, still dizzy of the sleep, tired because of the long absence,
I opened the window and I felt the dawn’s breeze on my face.
I could see the stars, the Moon, looking for its only friend.
Recovered of the long numbness, I remember of her.
A cold shiver runs through of my spine,
And now, the night is even wonderful.
I once more felt the big bang and seeThe universe being born again.
As if this time, it had been made only for two of us.

Eu havia esquecido como a noite é bela.
Estava em um sono profundo e, em um dia mágico,
(Não me lembro dos porquês) Acordei e lentamente virei para o outro lado,
Estiquei os braços, suspirei por ela,
Abri meus olhos, olhei ao redor e
Senti a existência do mundo mais uma vez.
Então, ainda ébrio do sono, cansado da longa ausência,
Abri a janela e senti a brisa da madrugada em meu rosto.
Pude então ver as estrelas, a Lua, procurando por seu único amigo.
Refeito da longa dormência, lembro dela.
Um arrepio gelado percorre minha espinha dorsal,
E agora a noite é ainda mais bela.
Sinto a explosão primordial mais uma vez e vejo
O universo nascer novamente.

Como se agora, fosse feito só para nós dois.

I just call to say I love you

Ontem os abraços foram poucos.
Ontem nossos beijos foram parcos.
Você me quis longe. E eu entendi.
Ontem você queria percorrer outros caminhos,
Você almejava desvendar outros mistérios. E eu entendi.
Ontem falamos, também de amor,
Mas muito mais de nós outros, de nossas almas,
De nossas frustrações, de nossos anseios.
Senti falta dos seus beijos doces nos meus lábios,
De seus abraços apertados que enchem minha alma de amor.
Ontem nos conhecemos como nunca,
Falamos de segredos inimagináveis.
Por isso minha flor, não tive tempo de dizer tudo
Aquilo que meu coração pedia. Mais ouvi e menos falei.
Ligo agora só pra te dizer: eu te amo minha flor.
Esse é o resumo de minha existência.
Queiram os deuses que o tempo, nosso inimigo,
Aceite nossa bandeira branca e não apague nossa chama.
Que nos deixe em paz para navegarmos em nossos sonhos de amor,
E outra vez conquistemos o mar, como os portugueses.
Além do horizonte, minha querida, está nossa ilha prometida
E o destino, nosso fiel escudeiro, zela por ela.
Um dia, deitada em meu peito,
Enquanto acaricio seus cabelos,
Vamos relembrar desses dias de busca.
Riremos então das dificuldades, das pedras do caminho.
Nesse dia então, minha flor, saberemos que somos um.

Felicidade

Felicidade é palavra que hoje conheço bem,
Pois tenho o amor dela e ela o meu também.

Felicidade é sentimento que carrego sempre comigo,
Pois tenho o amor dela e é só o caminho que sigo.

Felicidade de criança é o que o sinto o tempo todo,
Pois tenho o doce olhar do amante que só pode ser tolo.

Felicidade de apaixonado é o que sinto todo o tempo,
Pois só o rosto dela em minha mente contemplo.

Felicidade de amante é o que em minha face resplandece,
Pois ninguém me ama como ela que em meus braços não padece.

Felicidade é coisa que hoje sinto enormemente,
Pois a imagem dela está sempre presente.

Felicidade? Ah, ninguém sente como eu,
Pois com ela o universo é todo meu.

Felicidade minha flor, ninguém mais poderia me dar,
Pois só você tem a chave do meu mais íntimo altar.

Felicidade minha flor, só vem com o tempo,
Mas só para aqueles que conhecem o caminho do templo.

Ariana

Andando pelo bosque me deparo
Com as mais lindas flores que há.
Caminhando pela relva nem reparo
Nas belezas que existem lá.

É que nenhum pai é como eu
Que tem uma filha tão bacana.
Que pai precisa ver beleza
Quando sua filha é a Ariana?

Andando pela selva posso ver
Os mais lindos animais que há.
Olhando o mar posso viver
Momentos sublimes como só lá.

Mas quando chego ela me abraça
E todo o resto perde a graça.
Ser feliz não é ter alma branca
Mas ser pai da menina Ariana.

Chegará, chegará

Haverá um último e terno beijo,
Um último abraço em minha amada,
Uma última palavra ou frase,
Um último sentimento antes do adeus.

Haverá um último abrir de olhos.
Haverá um último olhar.
Terei, quem sabe, meu momento de despedida do mundo.
Depois, meus olhos se fecharão
E todos os meus momentos serão parte da história da eternidade.

Mas eu queria acreditar que, mesmo depois da travessia
Eu poderia continuar amando você meu doce,
Como se o amor fosse um sentimento emprestado
Que nos acompanha a vida toda,
Mas que fica, quando vamos, a testemunhar que fomos grandes
E a garantir a continuidade de algo que não pode morrer jamais.
O meu amor por você não sou eu, mas uma alma que se apossou de mim,
Que vai me abandonar quando eu me for e ficar sempre ao seu lado
Cumprindo aquele dever amoroso por mim que não fui competente para ser eterno.

Quero que nosso amor seja forte, saudável, bem cuidado.
Só assim terá saúde para sobreviver a mim e dobrar o tempo.
É esse o meu testamento: tudo que tenho entrego ao nosso amor,
Alma única que nos une e que há de me eternizar em você.